O Que é a Irradiação de alimentos

A irradiação é o processo de expor os alimentos a doses elevadas de raios gama, feixes de eletrões ou raios X. Torna inactivos os microrganismos nocivos, matando-os ou esterilizando-os, sem tornar os alimentos radioactivos.


O processo remonta aos anos 40, quando se realizaram testes que provaram que a carne de vaca crua picada, uma vez irradiada, permanecia fresca durante mais tempo do que a carne não-irradiada. Nos anos 60, vários governos aprovaram a aplicação do processo nas batatas, cebolas, trigo e farinha. Essa lista foi mais tarde alargada para incluir as ervas aromáticas e os condimentos desidratados.

Os astronautas, por exemplo, comem alimentos irradiados, e o mesmo se passa com alguns doentes hospitalizados que correm maior risco de infeções. As organizações de consumidores têm manifestado o desejo de que todas as embalagens de alimentos irradiados apresentem o símbolo internacional de irradiação alimentar ou a informação de que se trata de um alimento irradiado.

É seguro?

O debate continua aceso quanto à segurança da irradiação alimentar. No entanto, mais de 30 anos de estudos ainda não conseguiram encontrar qualquer risco directamente associado à ingestão de alimentos irradiados. Um comité de investigação da Organização Mundial de Saúde confirmou a «não-toxicidade» da irradiação para qualquer tipo de alimento desde que não se ultrapasse uma determinada dose. Para 95% dos alimentos a tratar, a dose necessária não se aproxima dessa fronteira limite.


A desconfiança provém de estudos, ainda inconclusivos, sobre os riscos para a saúde que se correm quando se ingerem alimentos irradiados. Os defensores desta ideia argumentam que o processo cria realmente alterações microscópicas nos alimentos, mas que são semelhantes às causadas pelos processos culinários. Em estudos realizados pelo Exército dos EUA, os animais alimentados com rações irradiadas durante várias gerações demonstraram não ter maior probabilidade de vir a ter cancro ou doenças hereditárias do que os que foram alimentados com rações não-irradiadas. Estudos ingleses em 60 gerações de ratos confirmaram esses resultados. Na China, 400 pessoas que comeram alimentos irradiados durante 7 a 15 semanas não tiveram qualquer aumento de danos cromossomáticos, um sinal precursor do cancro.

No processo de irradiação perdem-se algumas vitaminas. Os níveis da vitamina C podem descer de 5 a 10%, mas isso não é mais do que se perde na preparação dos enlatados ou quando se deixam os produtos frescos nos expositores dos supermercados durante alguns dias. Mais perturbadoras são as preocupações ambientais suscitadas pelo transporte de materiais radioactivos para os centros de irradiação alimentar.

A irradiação torna a carne muito mais segura — mas não totalmente segura. Torna inactivos até 99,9% dos microrganismos presentes, mas se os alimentos forem depois incorrectamente manuseados, as restantes bactérias podem multiplicar-se. E mesmo os hamburgers irradiados podem não ser suficientemente seguros para serem consumidos mal passados.

Depende muito da atitude dos consumidores saber se a irradiação dos alimentos vai alguma vez implantar-se ou não. Um grande surto de intoxicação alimentar poderia finalmente inclinar o prato da balança a seu favor.